Uma das
pesquisas efetuadas pelos ateneus libertários é o que leva um individuo a ter e
exercer a vontade de poder. Ou seja, porque um individuo quer exercer o poder
sobre os outros. A síndrome do líder, do dominador dos próximos, do que nasceu
para governar os outros e faz tudo que pode para conseguir ter e exercer o
poder sobre alguns e, se possível, sobre todos. É a vontade de mandar. O objeto
é portanto porque uma pessoa tem a vontade de governar os outros. Essa vontade
de governar é que é o objeto de pesquisa multidisciplinar.
Quando se diz aqui que é uma
questão é política é a análise da vontade de poder.
Pequena introdução para iniciar a
pesquisa da vontade de poder.
1 – A vontade de poder se inicia com um discurso sobre o outros. O que
se observa que a vontade de poder inicia sempre com um discurso de
desqualificação de qualquer peculiaridade do outro.
2 - Esse
discurso cria um duplo. O que é certo e porque tem o poder e o errado que
não tem o poder. O certo e o bom precisa a
priori existir para exercer o poder. É preciso em cada época estabelecer
que ele tem a certeza, a verdade e o outro tem ou nada e por isso o erro. Ele é
ativo e obriga ao outro ser passivo sob a estratégia do discurso ou quem deu o
primeiro grito de sujeição do outro. O
dominador tem a verdade religiosa, cientifica, moral, legítima (quando usa o
direito para dominar o outro) que são articuladas pelos discursos e isso sustenta o dominador que está certo
e os errados que são dominados. Para
isto é preciso estabelecer e implantar que é preciso situar o que vai ser
dominado em um duplo: o inferior ou doente, ridículo, ameaçador e todo tipo de
desqualificação comparado com o que é descrito como o superior, branco, europeu,
sadio, respeitado, autoelogiado por ele e pelos outros. Sem essa construção
política não é possível se exercer a dominação a não ser pela força física que
muitas vezes ocorreu na história assim, que ganhou a guerra é o superior e o
certo, mas é uma estratégia muito cara e nem sempre com muita eficiência e
garantia de ser o vitorioso e não o perdedor. É mais eficiente o discurso. Por
isso Foucault diagnosticou o que aqui estou descrevendo resumindo uma parte de
suas conclusões.
3 – As diversidades deformadas pelo discurso. O que temos observado é
que a natureza é, em todas as suas manifestações, diversa. A diversidade é uma
das suas principais características. Por isso temos muitas variedades e todas
equivalentes porque são principalmente naturais entre tudo que existe. O que
quer dizer que, nos seres humanos, seja física ou comportamental. A análise política, que é a análise do
poder, é detectar as relações de
dominação entre seres humanos e também quando eles exercem relações de poder
muitas vezes predatório com o
planeta, a natureza e com os animais. Então temos uma
questão epistemológica fundamental: uma diversidade natural na natureza e os
discursos transformando objetos de pesquisas, principalmente com o que se
chamou de ciências humanas, os seres humanos cuja única razão é exercer a
dominação encenando o duplo: o pesquisador, o doutor, o dono da verdade sobre o
outro e por isso o domina. Então temos a
diversidade natural que é a maneira de ser da natureza e o discursivo quando
algumas dessas diversidades naturais e equivalentes em determinado momento da
história por razões políticas deixam de ser natural e sem dominação portanto,
isto é pré-discursivas para discursivas
que, nessa alteração epistemológica, passam a ser objetos de pesquisas quer em
discursos religiosos com o conceito de pecados e outros termos em variados
discursos religiosos e os das chamadas de ciências humanas com psicologia etc.
A aberração portanto não é a natureza ou o natural mas é epistêmica ou seja
como se usa uma razão cindida a partir
do que Foucault chamou de momento cartesiando na história na época clássica em
Foucault e também com o que Hokheimer chamou de razão instrumental voltada para
a dominação de tudo e de todos cegamente como o Dr. Frankenstein e muitos mais.